Do total de volumes estocados de água nos
reservatórios da Terra, somente 2,5% são de água doce, dos quais, 68,9% formam
as calotas polares, as geleiras e neves eternas que cobrem os cumes das
montanhas mais altas da Terra; 29,9% constituem as águas subterrâneas doces; a
umidade dos solos (inclusive daqueles gelados – permafrost) e as águas dos pântanos representam cerca de 0,9% e a
água doce dos rios e lagos cerca de 0,3%. Os volumes de água nas calhas dos
rios e lagos de água doce somam cerca de 200 mil km3, sendo esses
mananciais os mais acessíveis e utilizados para atendimento das necessidades
sociais e econômicas da humanidade e vitais aos ecossistemas (REBOUÇAS, 2006).
Os constituintes das águas derivam de ambientes naturais e antrópicos
onde se originam, circulam, percolam ou ficam estocados (REBOUÇAS, 2006). Com
a crescente poluição e contaminação das águas superficiais, causada
principalmente pelo lançamento direto e indireto de efluentes industriais e
domésticos e agropecuários não tratados e/ou insuficientemente tratados,
provocando modificações negativas do seu estado biológico, químico e físico,
resulta, em muitas regiões, a falta de água de boa qualidade para utilização
pelos seres vivos, produção de alimentos e outros usos indispensáveis à vida
(AZEVEDO NETTO, 1975; KNIE; LOPES, 2004; BRANCO; AZEVEDO; TUNDINI, 2006).
No Brasil, os mananciais apresentam uma crescente e
progressiva deterioração quanto à qualidade de suas águas, comprometendo a
disponibilidade hídrica em condição de utilização para fornecimento à população
(CARNEIRO; PEGORINI; ANDREOLI, 2005), o que vem provocando estresse hídrico,
principalmente em regiões de grande concentração populacional, como as regiões
metropolitanas (RIBEIRO, 2010), basicamente em função de dois fatores:
necessidade nacional de aglutinação de grandes forças de desenvolvimento, que
resultem na formação de aglomerado urbano com planejamento; e, a implantação de
obras de infra-estrutura física compatível com o ritmo do crescimento
demográfico e industrial, requerida para o saneamento do meio ambiente e
conservação dos recursos hídricos naturais (CETESB, 1982).
O Estado de São Paulo, segundo dados do Censo de
2010 do IBGE, ultrapassou os 40 milhões de habitantes; sua capital, o município
de São Paulo, os 11 milhões de habitantes e a Região Metropolitana de São
Paulo-RMSP, maior e mais populoso aglomerado urbano do
País e um dos cinco maiores do Mundo, composta por 39 municípios, concentra quase 20 milhões de habitantes; ou seja, cerca de 10% da
população nacional ocupando cerca de 0,1% do território brasileiro (RIBEIRO,
2010).
O Consumo de água na RMSP está em torno de 67,7 m3
a cada segundo, dos quais 31 m3/s são importados da Bacia do rio
Piracicaba, localizado ao norte da Bacia do Alto Tietê, 2 m3/s de
outras reversões menores dos rios Capivari e Guaratuba, o que atende 99% da
população da Bacia. A Bacia consome ainda 2,6 m3/s para irrigação e
a demanda industrial é parcialmente atendida pela rede pública (15% do total
distribuído) e parte por abastecimento próprio através de captações e extração
de água subterrânea (FUSP, 2009).
A partir dos meados do século XX, o Brasil se transformou de um país
agrário em um país urbanizado. Em 1950, 63% da população viviam na zona rural;
ou seja, cerca de 33 milhões; e o restante, 19 milhões, vivendo nas cidades; ao
passo que, em 2010, conforme IBGE (2011), a população rural não chegou a 30
milhões, representando cerca de 16% da população brasileira; e o restante, 84%,
um pouco mais de 190 milhões, estão vivendo nas cidades. As cidades cresceram e
com elas os problemas.
Com o aumento da população humana e dos processos industriais, a
necessidade de água aumentou consideravelmente, principalmente nas grandes
metrópoles; e as atividades humanas, direta ou indiretamente, estão
contribuindo para a diminuição da qualidade das águas, tornando-a imprópria
para determinados fins (ABELHO, 2010), contribuindo cada vez mais para o desequilíbrio
ecológico dos sistemas naturais, por consequente, a deterioração qualitativa da
biosfera na qual vivemos (BRANCO, 1984).
A RMSP, o maior e mais
populoso aglomerado urbano do Brasil e um dos cinco maiores do mundo, composta por 39 municípios e com o maior parque industrial
e mercado produtivo do país, possui uma baixa disponibilidade hídrica. Mais de 40% da água consumida nessa região é
importada da bacia do rio Piracicaba, localizado ao norte da bacia do Alto
Tietê, o que deixa claro a importância da conservação de seus mananciais. Uma
contradição entre a distribuição das águas no Brasil e a localização das
grandes áreas de consumo, crescimento urbano e industrial.
Conforme
Giroult (1977), “a qualidade da água portável é um fator de
importância capital para garantir a saúde pública, pois, a manutenção da
qualidade bacteriológica da água e a luta contra as moléstias transmissíveis de
origem hídrica continuam sendo a preocupação cotidiana dos serviços de saneamento,
não somente no Brasil, mas em todos os países; presta-se também atenção à luta
contra as viroses transmitidas pela água e, principalmente, às relações entre
certas enfermidades não-transmissíveis (tais como: câncer, doenças
cardiovasculares, toxicações letais etc) e certos compostos ou até mesmo
elementos químicos existentes na água potável em quantidades ínfimas.”
Portanto, existe uma necessidade de
estudos de tendências de degradação e poluição dos rios brasileiros, e dessa
forma, ter parâmetro para se tomar medidas de prevenção e precaução para a
conservação e proteção dos mananciais no Brasil, em especial, na RMSP, uma vez
que esta comporta a maior concentração populacional e industrial do Brasil com
baixa disponibilidade hídrica.
REFERÊNCIAS
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