quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Cultura e economia: A nossa biodiversidade tem salvação?

O fato que observamos na foto abaixo é comum na maioria das grandes cidades brasileiras, principalmente em regiões metropolitanas: à esquerda construções de alvenaria sem emboço e à direita construção de madeira. Não importa a tipologia das construções, elas invadem áreas de preservação; no caso, as áreas de inundação.
Cidade de Cotia-SP – setembro de 2008.

As pessoas que ocupam essas áreas normalmente são originárias de várias regiões do Brasil às quais não ofereceram qualidade de vida para sua população. Com o êxodo em massa para as grandes cidades, à procura dessa “qualidade de vida”, estas cresceram e como é comum no Brasil, o planejamento urbano e o meio ambiente foram colocados em segundo plano (ou é terceiro?).

O fator econômico, político e cultural influenciam o meio de vida de qualquer população, não só no Brasil, mas também no mundo. Essas situações se tornaram, ao longo do tempo, cultura no país.

Invadir áreas próximas aos rios, encostas, de inundação e com risco geológico são proibidas conforme as leis de uso e ocupação do uso em qualquer cidade brasileira. (São tantas leis e mais leis! Afinal, qual realmente é respeitada? Isto também já se tornou cultura).

Não há fiscalização pelo poder público (mais uma que se tornou cultura), nem para o rico, nem para o pobre. Quando o rico invade áreas de risco, levantam mansões.

Ilha Grande-RJ – Àrea de risco – janeiro de 2010.
Fonte: http://www.band.com.br/noticias/cidades/noticia/?id=247872

Ao invadirem áreas de preservação, destroem a diversidade biológica, dizimam espécies, tanto flora como fauna; e ainda, contribuiem com os escorregamentos, inundações e destruição.

Não dar importância à diversidade biológica é uma cultura desde a colonização quando ocorreu modificações drásticas em vários ecossistemas brasileiros (mata atlântica, serrado, litoral, interior do nordeste etc) para movimentar a economia de outros países como Portugal e Inglaterra.

Reverter esse quadro de séculos de comodismo ambiental, mudando a cultura de um povo que destrói a sua própria diversidade biológica é um desafio. A educação ambiental hoje é uma das principais ferramentas para mudar essa realidade.

Quando falamos em educação ambiental, fala-se em conscientização da população. Costumo dizer que as pessoas tem ciência do que fazem; porém, não têm a cultura de fazer o mais adequado (o mais correto?).

Nunca existiu uma época como hoje em que as informações foram democratizadas e transmitidas em massa em jornais, revistas, televisão, rádio, cartazes, outdoor, escolas, livros etc. No entanto, a impressão que temos é de que prevalece o consumismo por cultura inútil.

A cultura não muda somente com a educação nas escolas ou com as informações transmitidas pelos diversos meios de comunicação ou pela quantidade de dinheiro existente na conta bancária do individuo ou de sua família.

A família faz uma diferença muito grande em um processo de transformação cultural. Se os mais velhos não apresentam mudança, dificilmente os mais jovens, que se espelham nos mais velhos (queiram os jovens ou não!) não apresentarão a mudança que tanto almejamos.

Dar o exemplo é a melhor maneira de se educar. E isso é importante a partir do momento em que a educação familiar forma grande parte de nossa personalidade.

Essa personalidade estando enraizada numa educação de berço de qualidade (não só de educação escolar) com certeza terá no futuro cidadãos com a presteza de fazer o que for necessário para garantir e preservar para as próximas gerações a nossa biodiversidade.

sábado, 24 de setembro de 2011

ESCOAMENTO SUPERFICIAL E INUNDAÇÕES

Os fatores que influenciam no escoamento superficial podem ser de natureza climática, relacionados à precipitação ou de natureza fisiográficas ligados às características físicas da bacia.

Dentre os fatores climáticos destacam-se a intensidade e a duração da precipitação, pois quanto maior a intensidade, mais rápido o solo atinge a sua capacidade de infiltração provocando um excesso de precipitação que escoará superficialmente. A duração também é diretamente proporcional ao escoamento, pois para chuvas de intensidade constante, haverá maior oportunidade de escoamento quanto maior for a duração. Outro fator climático importante é o da precipitação antecedente, pois uma precipitação que ocorre quando o solo está úmido devido a uma chuva anterior, terá maior facilidade de escoamento. Dentre os fatores fisiográficos os mais importantes são a área, a forma, a permeabilidade e a capacidade de infiltração, e a topografia da bacia.

A influência da área é clara, pois sua extensão está relacionada à maior ou menor quantidade de água que ela pode captar. A área da bacia é o elemento básico para o estudo das demais características físicas.

A permeabilidade do solo influi diretamente na capacidade de infiltração, ou seja, quanto mais permeável for o solo, maior será a quantidade de água que ele pode absorver, diminuindo assim a ocorrência de excesso de precipitação.

Outros fatores importantes são as obras hidráulicas construídas nas bacias, tal como uma barragem que, acumulando a água em um reservatório, reduz as vazões máximas do escoamento superficial e retarda a sua propagação. Em sentido contrário, pode-se retificar um rio aumentando a velocidade do escoamento superficial.

ENCHENTES / INUNDAÇÕES

As enchentes provocadas por rios e córregos que atravessam as zonas urbanas são um grande problema nas cidades, danificando redes de abastecimento de água e coleta de esgotos, moradias, escolas, ruas, estradas, etc., trazendo prejuízos, comprometendo a produção e o transporte de produtos em geral, disseminando doenças de veiculação hídrica e prejudicando a saúde das populações atingidas.

QUAIS SÃO AS PRINCIPAIS CAUSAS?

• Destruição das áreas verdes;
• Excesso de pavimentação (impermeabilização do solo);
• Escoamento da água de chuva (inadequação do sistema de drenagem);
• Canalização de córregos sem a devida análise de impactos a jusante;
• Ocupação desordenada das áreas urbanas (falta de implementação das políticas de ocupação de solo);
• Omissão do Poder Público na gestão urbana e falta de saneamento básico adequado.
• Produção e acúmulo do lixo urbano nas ruas.

QUAIS SÃO AS POSSÍVEIS SOLUÇÕES?

• Planejamento urbano considerando toda bacia hidrográfica;
• Conservar e preservar as áreas verdes, de preservação e matas ciliares urbanas e rurais e ampliar a arborização urbana;
• Aplicar as políticas públicas, as legislações e regulamentações;
• Ampliar a informação sobre as leis, sobre a realidade ambiental e sobre os conceitos ecológicos envolvidos;
• Implantar medidas estruturais e não estruturais de drenagem e saneamento;
• Não impermeabilizar o solo excessivamente;
• Valorizar a educação ambiental como um instrumento fundamental;
• Limpeza e desassoreamento de rios.

O QUE NÓS PODE FAZER PARA CONTRIBUIR?

• Ajudar a reter as águas pluviais, instalando mais gramados, pisos permeáveis ou reservatórios.
• Preservar e expandir as áreas verdes;
• Não obstruir áreas de drenagem com lixo;
• Não colocar fogo;
• Participar de conferências municipais, conselhos, encontros, etc;
• Repassar as informações adquiridas;
• Sensibilizar as pessoas com relação aos 3 Rs;
• Captar água de chuva dos telhados;
• Participar de campanhas de lixo e despoluição.

domingo, 11 de setembro de 2011

O PROBLEMA DOS LIMITES ÉTICOS DA CIÊNCIA E DA TECNOLOGIA (2a. parte)

Chama-se de visão ilustrada aquela que entende que as limitações da Ciência estão associadas aos limites dos seres humanos, ou seja, que estão associadas à própria condição humana. Assim, o ser humano é também um ser ético.

O ser humano ilustrado avalia suas condutas conforme referenciais valorativos racionais. Esses referenciais determinam limites para o agir do qual resulta a Ciência. Donde se segue a relação de limitação entre Ética e Ciência.

A Ética pretende e deverá dar conta de construir uma teoria racional das ações humanas, no sentido de identificar as proposições que descrevem as regras de conduta apropriadas para as diferentes situações que nos impõe as descobertas cientificas. O objetivo dos projetos éticos é encontrar critérios que permitam a consecução do 'bem', ou então, da felicidade do ser humano, enquanto que, o objetivo das teorias científicas é a 'verdade'. Contudo, supostamente a 'verdade' expressa a forma mais eficiente de se tratar com o mundo.

Assim, a Ética tem por objetivo a determinação das regras de conduta que prescrevem os atos que traduzem a noção de bem, ou felicidade, no agir humano. A determinação do bem é uma tarefa que envolve a capacidade cognitiva do ser humano, que aqui se pretende defender que seja a atividade racional.

A responsabilidade moral dos cientistas indica a disposição que eles têm de justificar, de oferecer boas razões para as formas de conduta que efetivamente possuem.

Assim, os cientistas estão obrigados a justificar esses valores e as práticas que eles implicam e informar sobre os riscos das tecnologias que empregam.

A questão da responsabilidade moral dos cientistas encontra-se aqui delineada no confronto de quatro teses fundamentais. Assim,

1. A Ciência e a Tecnologia não são moralmente neutras;

2. O progresso científico e tecnológico podem não ser um bem em si mesmo para a humanidade;

3. A aplicação dos resultados das descobertas científicas e inovações tecnológicas não é sempre um bem para a humanidade;

4. Há limites morais para a investigação científica e a invenção tecnológica.

Cabe ao ser humano saber as conseqüências da aplicação das descobertas e decidir quais são aquelas que ele deseja utilizar e cabe aos cientistas criar mecanismos para que as conseqüências indesejáveis sejam evitadas.

No entanto, é preciso acreditar que no ser humano, em última instância, além do desejo de conhecer, existe a vontade de ser justo; ou seja, de ter condutas que satisfaçam os critérios de moralidade, ainda que seja particularmente difícil a sua identificação. Portanto, é preciso estar convencido de que a racionalidade humana não é expressa somente na Ciência, mas é principalmente na Ética que ela encontra sua expressão maior.

sábado, 3 de setembro de 2011

O PROBLEMA DOS LIMITES ÉTICOS DA CIÊNCIA E DA TECNOLOGIA (1a. parte)

Quando observamos os novos conhecimentos tecnológicos que a ciência nos apresentou nas últimas décadas, observamos que a ética e a moral não avançaram de forma concomitante às novas descobertas por parte dos cientistas e das empresas que às exploram.

É só puxarmos um pouco a memória quanto aos alimentos transgênicos. As empresas que defendiam esse tipo de alimento pregavam que poderiam acabar com a fome no mundo, uma vez que tinham em mãos novas culturas resistentes às pragas e às intempéries.

Até mesmo forçaram governos de forma anti-ética e imoral a aceitar os alimentos transgênicos e legalizá-los (é só ver o que ocorreu no sul do Brasil quanto à soja transgênica. Quando o governo brasileiro abriu os olhos,nossas fronteiras estavam com os campos forrados de soja transgênica. O governo para salvar os agricultores foi obrigado a legalizar às pressas, naquele momento, o comércio desse tipo de produto).

Até o presente momento, existem dúvidas quanto às questões de danos que podem trazer ao organismo humano e ao meio ambiente a introdução de novas “espécies exóticas”.

Existe, inclusive, tentativa de introduzir no mercado espécies de outras culturas que não possuem semente; ou seja, os agricultores todos os anos comprariam das empresas as sementes para a próxima safra: seriam eternamente dependentes dessas "empresas".

Portanto, onde está a moral e a ética dessas empresas? No lucro? E dos cientistas que trabalham para essas empresas? No capital?

Portanto, o debate, Ciência e a Tecnologia não são moralmente neutras, elas expressam um conjunto de avaliações morais que traduzem uma visão de como empresas e cientistas deveria ser.

O progresso científico e tecnológico nem sempre é um bem em si para a humanidade, pois novas teorias e novas tecnológias podem colocar em risco o mundo onde vivemos e o próprio ser humano, posto que, novas descobertas podem, inclusive, colocar em risco a liberdade de escolha, na qual grandes empresas forçam governos a introduzir novas tecnológicas que nem sempre são seguras tecnologicamente.

Ou seja, todas as descoberta científica e a invenção tecnológica devem ser moralmente justificadas (verdadeiras, de verdade), posto que, as investigações e descobertas não podem ser dissociadas do estudo das conseqüências que elas podem produzir. Assim, há limites morais para a investigação científica, a invenção tecnológica e a introdução no mercado.

Portanto, o controle crítico deve ser feito por cientistas e não cientistas; políticos (preocupados verdadeiramente com o bem estar de seus semelhantes)e não políticos e pessoas do povo e universidade de renome. Assim, todas as informações sobre as descobertas científicas e inovações tecnológicas e as conseqüências de suas implementações práticas devem ser acessíveis a todos os membros da sociedade.

Se isso não ocorrer, pergunta-se: Qual a finalidade da ciência? Só econômica? Só lucro? E as pessoas?

Quais os problemas que são atinentes à avaliação moral e política do desenvolvimento científico, da invenção tecnológica e de suas aplicações práticas?